ESTÁTUA  DE  BRONZE

Boa tarde, meus amigos

Depois do êxito que foi nesta última semana, desde que publiquei, quer a minha estória o "Reino onde não foram felizes para sempre" e o "deixem-me trabalhar" e depois o "aditamento ao trabalho", em que tive milhares de visitas ao blogue, pronto, não foram milhares, foram apenas umas centenas, em que comentários não tive nem um, mas julgo que por vergonha de quem leu que não consegue responder ao mesmo nível da qualidade literária, (...) eis que tenho aqui outro texto, embora com barbas , mas que considero igualmente muito bom e que não merece ficar guardado na gaveta.
Pronto, não foram centenas de visitas a este blogue foram só umas seis dezenas ... sim e foram 3 dos amigos e o resto minhas, ok?!, está bem assim?. De qualquer maneira não vou desistir tão facilmente por falta de apoio, nem perder o ânimo só por isso. Acredito que um dia estas páginas serão descobertas pela pessoa certa e eu vou ter o êxito que mereço... (vais vais...)
Posto isto, 
"Estátua de Bronze"
- Bom dia! Disse-lhe ele naquele tom e olhar feliz, de sorriso rasgado com a ênfase de quem está de bem com a vida.
- Está tão bom aqui fora, não está?! Acrescentou ele a afirmar-se de forma positiva pela satisfação que sentia.
- Estou tão contente por estar aqui a falar contigo! Disse-lhe ainda, apesar do continuado silêncio.
Um cheiro a perfume de flores inalava em seu redor: como com o prazer de quem está no cimo de uma montanha e contempla extasiado a paisagem.
- És linda, sabias?! Já te tinha dito? Perguntou-lhe ele pela milionésima vez, ainda à espera que ela lhe retribuísse com o sorriso de outros tempos.
- Gosto muito de ti! Insistiu ele, na esperança de que ela, pelo menos, desviasse o olhar para ele.
Mas ela continuava hirta e indiferente aos elogios na sua eloquente postura de quem é adorada por muita gente. Seu rosto não transparecia um único reflexo; alta imponente no seu pedestal de admiração ia contemplando o mundo a seus pés.
Mas ele não desistiu, não se foi abaixo com a indiferença dela e continuou, como sempre fazia, o seu inflamado discurso, ainda que de sentido unilateral, não correspondido.
- Bom, sei que não serei o teu melhor admirador, aquele que trata melhor de ti, com o carinho que necessitas, que te oferece as mais bonitas flores, mas dou-te o que tenho de mais puro, o amor das minhas palavras que brotam do meu coração…
Ela, fria como a manhã, à espera que o sol a aquecesse, deixou-se pousar no cabelo solto ao vento por uma pomba que veio ao seu encontro. Pareceu sorrir-lhe, satisfeita pela manifestação de confiança que recebia daquela ave vinda do céu. Pelo menos foi a sensação que ele teve e sentiu-se, de repente, insignificantemente desprezível e só.
O sol despontava a oriente vermelho, redondo, deslumbrante na sua força de Verão e reflectia-se-lhe no rosto da sua contemplação, espelhando ela a altivez de uma rainha, a coragem de um guerreiro e a serenidade e a beleza de uma princesa. Admirava-a por isso.
Olhou-a pela última vez, beijou-lhe os pés (que era o ponto onde ele conseguia chegar-lhe) com a ternura de quem beija uma criança acabada de nascer e seu olhar turvou-se de cansaço dos anos em que diariamente fazia aquele ritual no percurso pelo jardim onde aquela estátua de bronze se erguia de postura altiva a confiante de olhar infinito, indiferente aos sentimentos.
O sonho tornara-se um pesadelo, afastou-se e chorou até a mortalha o envolver.
Carlos Alberto 27-05-2010
 

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