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Mostrando postagens de outubro 15, 2017

SILÊNCIO ENSURDECEDOR

A manhã estava soalheira, mas fresca. O verão ficara lá atrás e o outono ia agora ao lado, tal como rio. Espelhado de céu salpicado de nuvens brancas dispersas e que voavam comigo, mergulhei meu olhar taciturno nesse indefinido horizonte aguado. A determinação arrancara-me da cama e a necessidade do desafio físico presente, fazia-me todo o sentido. Acompanhado, estava só. Pela frente um caminho pedonal tapetado, ora de calçada, ora de cimento colorido para percorrer. Normalmente o diálogo projecta-nos para outros caminhos e os passos perdem-se em aventuras por desbravar. Ou os assuntos da actualidade preenchem-nos os minutos e estes passam em passos largos. É bom, salutar e agradável. Mas nesta estranha manhã tudo pareceu diferente entre ele e ela. E o ruído do silêncio foi ensurdecedor. Foram quatro quilómetros de deserto em palavras engolidas em seco. Como se tivessem tudo para dizer e nada. Percorridos os primeiros cinquenta metros, procuro fazer o que sempre faço: des