MEMÓRIAS 2014 (2º Semestre)
Antes de mais quero fazer dois esclarecimentos. O primeiro é
que estes resumos estão escritos em desacordo com o Acordo Ortográfico. Em
segundo lugar dizer que fiz algumas acentuadas alterações aos textos originais.
Os Diários são meus e, neste caso, decidi “embelezar” os textos originais. Como
já referi várias vezes, estes resumos, no original, são manuscritos “sem rede” ou seja, quaisquer erros
gramaticais ou de sintaxe podem ser encontrados lá, enquanto eu aqui posso
fazer alguns ajustes e alterações. Foi o que fiz. Posto isto, aqui deixo os meus
melhores resumos das PÁGINAS DO MEU DIÁRIO
2º Semestre das Memórias de 2014
2º Semestre das Memórias de 2014
Sexta-feira,
8 de Agosto de 2014 (Torre da Marinha, 09-08
00:40h)
E na cama fizemos
Para quem ergueu barreiras, atirou pedras e reagiu altiva às
minhas desmesuradas provocações, foi longe, muito longe mesmo. Havia colocado toalhas
frescas na casa de banho e pusera um cheiro de incenso sobre o turíbulo para
dar vida alienígena ao ambiente. Encontrei-te, então, deitada na minha cama sobre
lençóis lavados de fresco e disposta a tudo a que tinhas direito. E foste minha
por fugazes instantes, embora o tempo, com todo o tempo, fosse o tempo
suficiente. “Dá cá mais cinco”, disseste-me tu, vez após vez, e eu dei-te. Era
de tarde e naquele quarto algures, obscurecido, entregaste-te rendida aos meus
diálogos carregados de simbolismo e obscenas fantasias que te foram inebriando.
Correu mal, é verdade, mas é normal comigo. A tensão sobe-me e há muita energia
desperdiçada. Tento convencer-te e convencer-me de que as minhas disfunções são
assim habituais, mas tu nem queres saber e já lá estás. Não há pau para toda a
obra, mas a obra é feita a pulso e já está feita. Crescem murmúrios em esgares
de prazer, ouvem-se gritos de bocas que se abafam, estremecem estruturas que se
desfazem sem fronteiras. “Cinco a um” grita-se de cima do poleiro com o galo
depenado. “Temos homem”, gemo, “mulher”, corrijo, confuso entre palavras. Como
é brava esta guerreira que luta até à vitória final... Sorriso no olhar,
gloriosa e poderosa, eis que me rendo à evidência absoluta. E mesmo na
decadência, quando a tarde já abala, ainda há energia, quanto baste, para mais
sete... quilómetros a pedalar, mas pé ante pé, com diálogos e justificações que
não servem para nada. Ou se é homem ou não é. E, aqui chegado, sobra-me a
sombra da minha vergonha agora deitada do meu lado. Sorri, mesmo assim, talvez
para me dar alento, mas nada me livra do meu lamento. E de sofrimento em
sofrimento aqui vou com o intento de chegar até à prova real. E será que vai
haver nova luta? Com certeza absoluta. E a ti peço perdão, sabendo que não há
nenhuma razão, para não ser melhor homem, então.
Carlos Alberto
Quarta-feira, 3 de Setembro de 2014 (Torre da Marinha,
23:10h)
Um passo atrás
Fui à procura desse fascínio que me roubou o sossego de ser
uma óptima pessoa e escorreguei nuns degraus de pedra gelada que se
interpuseram no meu plano caminho. Ergui-me e tropecei de novo, mas agora em
alguém, esbarrando num sorriso sarcástico contra uma parede de vidro que se levantou
à minha frente. Percebi, no entanto, que foi uma falsa muralha, criada apenas
para afugentar cães raivosos, o que não era o meu caso. Fingi a indiferença de
quem percebe exactamente o que está a acontecer e segui em frente alheio às
advertências intimidatórias. Todavia, pelo canto do olho, fui espreitando o que
o meu pequeno coração queria e ao mesmo tempo temia. E não vi nada. Permaneci então
na quietude daquele momento, perscrutei o vazio do meu íntimo e acabei ouvindo,
lá ao fundo, um abafado e intrigante choro silencioso. Meio perdido numa ilusão
dividida não tive direito a resposta, mas tudo porque as energias não estavam
equilibradas nem concertadas e assim se perdera um dia de paixões ficando
apenas com as ilusões. Num dia em que de manhã, de guilhotina na mão me
entreguei, de tarde, com a faca na algibeira me desiludi. Não houve poesias nem
grandes emoções, aliás, perderam-se numa mensagem de recados e medos, de
traições e razões inexplicáveis. Queremos tudo e acabamos por não ter nada.
Sonhamos decerto com o impossível e deitamos fora aquilo que pode ser nosso,
sem custos acrescidos. E acabamos sofrendo, ingloriamente, por vermos a nossa
pequena paixão a diluir-se por entre os dedos das nossas mãos. E não há
energias quanto bastem para que possamos voltar a sonhar e a sorrir, acabando
na tristeza de uma ilusão que se nos apaga abruptamente. Sabemos que o mundo
não acabou aqui e até acreditamos que há pessoas que gostam de nós, mas a
verdade é que há passos que têm de valer a pena serem dados.
Carlos AlbertoUma vitória da Victória
Aí vamos nós em direcção às nuvens. Projectamo-nos no ar a
uma velocidade supersónica e quando damos por isso já nos perdemos num imenso
universo de galáxias onde não se conhecem os limites. É uma espécie de sonho,
de busca de algo a que nos agarramos num vazio físico, mas que é tão real que
nos sentimos, com gosto, embalados nele. Não há explicação para o sucedido e
apenas vamos, nos deixamos ir como se fosse normal estar assim num vácuo de
sensações que nos tocam. Apenas sabemos, saboreando em extase, que estamos no
meio de uma confusão que nos agrada e nos entregamos a ela. E a sensação não é
deste mundo. Fisicamente sentimos o quanta força podem ter as palavras que se
projectam; com elas sentimo-nos compensados da impotência e, assim, somos defendidos
das fraquezas que psicologicamente nos afectam. E voamos. Voamos bem alto ao
sabor das vozes que nos soam ao ouvido e nos sopram fantasias de sonhos
inimagináveis. Sentimo-nos como pássaros que esvoaçam livres que saltitando de
ramo em ramo em ágeis acrobacias se encantam num harmonioso chilrear. Na
felicidade sentida naquele instante já se perdeu a noção do tempo, do espaço,
do momento. E não estamos deitados a receber um beijo, nem a sentir a carícia
de uma mão que se esfrega deslizante por estranhas entranhas de prazer, não. Estamos
projectados num voo rasante de um espaço sideral plantado sobre um jardim de
flores e exalamos um perfume enleante que nos inebria. E vamos nesse sonho de quimeras, por detrás,
pela frente, de lado, não sabemos de que maneira é proibida, mas vamos e
queremos. E insistimos em perguntar: “queres mesmo ir?” e ouvimos um som a
dizer sofregamente que “sim e depressa. Leva-me daqui, quero ir nas tuas asas”.
E voámos então juntos mesmo sem sabermos exactamente sequer onde estávamos e
onde era o ponto de chegada. Mas é isto o amor a dois. É assim que se parte
para uma aventura que tem tudo para correr bem e promete.
Carlos Alberto
Domingo, 12 de Outubro de 2014 (Torre da Marinha, 21:29h)
Domingo fora de casa
Como é bom escrever histórias de sonhos, de sorrisos e de
palavras cheias de amor. Histórias que pudéssemos repetir todos os dias. Histórias
onde entram copos de vinho que se enchem e transbordam vazados em gargantas sequiosas,
sedentas da gula guloseima vinícola e que nos encharcam por dentro. Como seriam
boas essas histórias. Mas na realidade, olho em volta e só vejo rostos
fingidos, fechados, abertos em sorrisos de circunstância fabricados em telas da
vida. Não quero acreditar no que vejo, mas não posso renegar o que sinto. Não
há nada para além de uma dor interior daqueles rostos que se querem abrir,
sinceros, mas que brotam, por dentro, lágrimas de sangue. Dói-me, como um murro
no estômago. E sinto-me num beco sem saída, de gritos que posso ouvir, mas que
não sei de onde vêm. É um mundo de ecos que me rasgam por dentro. Sinto-me
impotente. Elevam-me a um pedestal onde me colocam, mas sei que é de pés de
barro apodrecido aquilo do que sou feito. E, descalço na erosão do tempo, vou é
sentindo as pedras que me são lançadas pelo tortuoso caminho e sinto-me, nesse
percurso, apenas usado, como um trapo velho que daí a pouco será lançado no
lixo. Tento acordar, sair do pesadelo, mas afinal estou amarrado. Brincam
comigo sorrindo, mas estão a matar-me aos poucos. Sinto-me então perdido, incapaz
de reagir, subir à montanha, fugir. Colocam-me depois, diante de mim, espelhos
para ver refectidas as minhas misérias e consomem-me assim toda a energia que
me resta em sombras que me absorvem e me gastam tudo do que sou feito. Sou
agora uma forma distorcida, uma imagem partida em cacos que não espelham nada.
Reflito apenas um olhar frio, disperso, despiciente e perdido no meio de um
universo onde há actores, sim, que esvoaçam como borboletas errantes em busca
do seu néctar - que pode ser mel, mas onde eu me sinto vazio e desprezível, sem
forças para voar com eles. E que estranha é esta, a sensação de misturar dois
seres opostos...
Carlos Alberto
Quarta-Feira, 22 de Outubro de 2014 (Torre da Marinha, 23-10
10:35h)
Palavras ditas e
sentidas
As palavras são lindas ou feias, boas ou más, verdadeiras ou
falsas, pobres ou ricas. As palavras fazem-nos rir ou chorar, incomodam-nos ou
aconchegam-nos, ajudam-nos ou prejudicam-nos. As palavras têm uma força brutal,
no entanto também podem ser fúteis ou desprezíveis. Com as palavras conseguimos
exprimir tudo o que queremos, do amor ao ódio. Elas alimentam-nos ou
destroem-nos. Com as palavras somos até capazes de dançar, voar, correr, subir
uma montanha. Ah! Como eu gosto das palavras, ditas, escritas, sentidas,
amadas, sofridas; das palavras que nos aquecem, nos prendem, nos preenchem, nos
enganam, das palavras que têm um sabor tão intenso que até desejamos absorve-las.
Sim, as palavras também têm sabor, cheiro, calor. O sabor pode ser a mel, a
fel. Podem ser azedas ou envinagradas. Mas as doces, as doces são mesmo das que
eu gosto mais, as do meu género. É verdade, sim, que há palavras que magoam,
que incomodam. Mas há também forma de contorná-las, se formos capazes, ignorando-as,
passarmos ao lado delas, desviarmo-nos e não as valorizarmos. As palavras valem
a importância que lhes dermos. Temos ainda outras palavras que mexem connosco,
ofensivas e defensivas. Palavra que servem para criar barreiras ou limites. A
cumplicidade com as palavras é boa, importante, no entanto, é bom que se criem
esses obstáculos que, mesmo invisíveis, se podem transformar em boas defesas
que devemos respeitar. E assim vou eu caminhando pela vida, com as palavras no
bolso, na alma, usando e abusando delas e do seu tom, da sua cor, da sua brisa,
da sua generosidade. E é por isso que gosto muito de falar contigo, estar
contigo, amar-te com todas as minhas forças. Quero, na brisa destas fracas
palavras, que elas cheguem ao teu coração e percorram o teu corpo com as mesmas
sensações de leveza como eu as sinto. Mas também quero na minha humilde
condição de prosador que as refutes ou as absorvas conforme a tua condição
humana. Amamos as palavras, sim, o que elas traduzem e são capazes, mas o que
queremos mesmo é que elas nunca se esgotem ou atropelem e reproduzam apenas o
bem. Quero, no fundo, que as palavras que espelho aqui sejam, sobretudo, aquilo
que sou, penso e quero para a vida comum: amor.
Carlos Alberto
Quinta-Feira, 23 de Outubro de 2014 (Torre da Marinha,
22:50h)
Um homem feliz, pois
claro
Gostava muito de poder escrever sobre sentimentos escondidos,
revelar desejos e vontades, mas não posso. Não posso porque estes livros não
são meus, (nem este blogue). Falam de mim, dizem o que sou, mas não vão morrer
comigo. Eles falarão sempre por mim e ao falarem por mim estarão a dizer coisas
que posso não querer dizer. Por isso haverá sempre algo omisso, escondido que
aqui não posso revelar. São, sim, os meus inconfessáveis segredos, E como é
possível que tenha segredos guardados que não possa aqui expressá-los? Pois
tenho. Segredos que acabam por pertencer a uma banda encriptada inscritos também
nestas páginas, mas que só bem interpretados se revelam. Outros segredos
estarão na escolha das palavras para dizer que te amo sem o dizer, que não sou
apenas um homem. E é verdade que há nestes livros algumas histórias que
poderiam ferir a susceptibilidades de muitas pessoas, mas eu não quero que isso
aconteça. Quero morrer em paz e quero apenas deixar a imagem de um homem
irreverente, sim, mas íntegro, com ideias muito avançadas, misterioso, talvez, mas
que quer acabar sendo um homem feliz e de bem com todos. Importante realçar que
de tudo o que fiz até hoje não me arrependo de nada e faria tudo de novo.
Reconheço, no entanto, que a decisão que tomei de deixar os Açores para salvar
meu casamento não terá sido a melhor opção. Todavia, só essa decisão me
possibilitou também tudo o que vivi depois de diferente até hoje, nomeadamente,
o ter conhecido novas pessoas e ter vivido as novas experiências que vivi. É
este o meu percurso, um caminho cheio e variado de subidas e descidas, que me
trouxe não apenas tristeza e momentos difíceis de superar, mas deu-me muita
alegria e que faz de mim hoje, de novo, um homem feliz e (quase) realizado. (Um
homem nunca se realiza totalmente).
Carlos Alberto
Segunda-Feira, 3 de Novembro de 2014 (Torre da Marinha,
23:23h)
Cozido à Portuguesa
Quando saí da escola, à uma da tarde, da minha aula de
poesia, tinha à minha espera uma outra nota não menos poética. Com o título
sugestivo de quem não come há semanas “cozido com todos”, eis como uma mera
necessidade se transformou num momento de puro prazer gastronómico. De facto, pude
apreciar em versos de rima desorganizada mergulhados em calda de água temperada
com aspecto suculento, couves que se misturavam com o chouriço numa harmoniosa
conjunção de apelativos verbos e gostos de encher a alma. Às carnes, à batata e
ao nabo a espreitar por baixo da farinheira, também se juntou o aroma delicioso
de quem anseia o infinito que se chegava ali tão perto. E as palavras ali
confeccionadas perderam-se assim em adjectivos com sabores de outros saudosos
tempos. Aquecido em lume brando, misturado em género de cores deliciosas,
fumegando em cheiros de tempos de outrora, começámos então no prazer da
inalação pelo deleite de quem deseja comer também com o gosto das palavras. E
construi-se assim naquele gesto de solidariedade uma sublime e saborosa
história, olhos fechados, sentindo apenas as palavras a desfazerem-se na boca,
sugadas com o desejo de quem absorve o melhor cozido do mundo. E todas e
quaisquer palavras que podem ser ditas se perderam no paladar que nos eleva e
inebria, em condimentos que se engolem e nos fazem esquecer a fome ou outros
desejos. Consumimos, deleitamo-nos, empanturramo-nos em gostos de quem gosta de
nós e, em bandejas de prata, nos serve ainda poemas de outro tipo de amor. Sim,
foi um épico poema traduzido não em palavras, mas em gestos que nos prendem,
cativam e encantam pelo prazer que proporcionam. Obrigado, Victoria pelo
delicioso cozido à portuguesa.
Carlos Alberto
Quinta-Feira, 20 de Novembro de 2014 (Torre da Marinha, 21-11
00:19h)
Rumo ao futuro
Vou escrever sobre nada. Nada para dizer, nada para falar,
nada para inventar. E porque não? Porque sim. Fotos e mais fotos, palavras
ditas e reditas, imensas vezes já escritas e reescritas vezes sem conta. Falar
sobre o que já foi feito, dito e repetido, mesmo sem jeito. Palavras vãs, sem
motivo, sem ordem, sem mensagens dentro, mas sãs. Estou aqui apenas para dizer
que estou vivo e activo. Sim, não sei exactamente por quantos mais anos, mas
espero que sejam pelo menos vinte. Está comprado. Também porque tenho a casa
com duas piscinas, ainda em construção, e as obras, parece-me, estão atrasadas.
Há um ano que ando nisto e não há meio de se resolver a conclusão. Mas há tempo
quanto baste, então. Não vale a pena apressarmos as coisas. Tudo tem o seu
tempo e os projectos são para ficar sólidos e bem-feitos. E feitas as contas,
as palavras são de borla, gratuitas, e falam de tudo e de nada. Do nada, do
vazio, do verbo-de-encher, de comer, de saborear e sentir mesmo que de barriga
vazia. E como é estranho como simples palavras são capazes de transmitir tantas
sensações e mesmo sobre nada. Choramos e rimos, sofremos e divertimo-nos,
pensamos e tudo é possível e nada. É claro que há fotos no computador (e no
Google se se procurar por cpontoal tem gente dentro). As fotos são horas a
ajeitá-las (editá-las) para ficarem mais bonitas a que se juntam uns versos de
poetas que se escrevem à luz da vela. Falam também em jornais, de poetisas, de
prémios e méritos e eu, nem mais. Será que um dia hei-de chegar lá? Eu sei que
sim. Qualquer dia, um dia destes. Tão fácil como escrever esta página que, sem
nada para escrever, do nada, sai uma criança. Pois claro. Cada página é como um
filho que nasce todos os dias renovado, todos os dias parido. É esta a minha
vida de velho, sessenta e um anos, sem esperar muito e esperar tudo, do nada. E
assim aqui vou eu rumo ao futuro.
Carlos Alberto
Quarta-Feira, 24 de Dezembro de 2014 (Torre da Marinha, 25-12
02:00h)
Poesia em prosa
Cá estamos nós na noite de todas as magias em que tudo
acontece, o Pai Natal aparece e ninguém adormece. Nascem e crescem as
fantasias, florescem energias, as crianças entram em euforias. Presentes e mais
presentes, vindos até de pessoas ausentes e instala-se a alegria, se fosse
possível, até ser dia. É a festa verdadeira de um Natal anunciado. À mesa bebe-se
o vinho, entra o bacalhau, rimos e brincamos até vir a sobremesa. E no meio de
tanta euforia sempre chega a meia-noite. A festa recrudesce, tantas cores, tantos
embrulhos, carregados de presentes onde sobram os papéis para os entulhos. Sobem
de tom as vozes agitadas, as crianças espantadas e arregaladas, os adultos riem
encantados com o sorriso das crianças inebriadas. Tantos sonhos encontrados,
desfeitos ou concretizados. Tantas ilusões ou desilusões, brilhos e estrelas em
infusões; deslumbrados, perdidos ou encontrados. É a noite de Natal e ninguém
se lembra que Jesus nasceu em palhinhas deitado. Tanta fartura, tanto tempo desperdiçado
e só resta o amor guardado. É o encontro com a família, a paz que se procura,
as desavenças que renegamos. É o conforto, do abraço que queremos, a alegria
por que lutamos, desejamos e teremos. É a noite do Nascimento, não há lugar a
lamento, mas ao cântico épico de um sentimento que temos de espalhar a todo o
momento pelo tempo. E que estas palavras não as levem o vento. Quero que a
satisfação que sinto, a tranquilidade que tenho e o amor que transporto possam
contagiar os outros. E dizer que não minto, ao sabor do que venho e por tudo
aquilo que comporto. Podem até ser só palavras, é verdade, mas elas significam
a razão da minha paz e amor interior que neste momento sinto.
Carlos Alberto
Comentários
Postar um comentário