MEMÓRIAS DE 2014

PÁGINAS DO MEU DIÁRIO (1º Semestre)




Quinta-feira, 9 de Janeiro de 2014 (Torre da Marinha, 10/01 00:55h)

“Previsões para o futuro”
As minhas previsões para este ano algures na minha vida é que, de certo, morrerei, sem apelo nem agravo. E será num dia de chuva ou de sol, poderá até estar cinzento, ou não. Se não for de manhã será com certeza à tarde, ou mesmo à noite se os dias forem mais curtos. Nesse dia todas as rádios estarão no ar com a música que sempre tocaram e as televisões transmitirão a sua programação habitual: uma delas até pode estar a transmitir um jogo de futebol, um debate, ou até um talk-show muito divertido. Será um dia muito importante na vida de cada um e ocorrerá entre os dias um e vinte e oito de um mês entre Janeiro e Dezembro. Se o ano for bissexto poderá calhar no dia vinte e nove, além que nos meses de trinta dias poderá também acontecer o epílogo. Os dias trinta e um não foram excluídos, não, mas isso só acontecerá nos meses em que este dia estiver presente. No céu a lua poderá estar escondida, invisível, porque a fase estará em lua nova, mas a hipótese de lua cheia também não está fora de questão, mesmo que o céu possa estar muito nublado. As fases intermédias de quarto crescente e minguante também são hipóteses não descartáveis. Portugal viverá numa República e o vinte e cinco de Abril pertencerá ao século anterior. Nesse dia nascerão alguns bebés, outras farão anos de idade, ou seja, será o dia do seu aniversário e faltarão ou terão passado mais dias para o final do ano, nomeadamente se for no primeiro ou no segundo semestre desse fatídico ano. Em suma, as minhas previsões nunca falham nem falharão e ainda posso acrescentar que depois desse dia ninguém vai dar pela minha falta na Assembleia da República ou mesmo na Patagónia, por exemplo.

Carlos Alberto                             

 

Terça-feira, 21 de Janeiro de 2014 (Torre da Marinha, 22:25h)
“Acreditar sempre” (Resumo parcial)
Escrever uma página destas quando um dia se enche de motivações é fácil. Difícil é escrevê-la quando o dia se despe de razões para viver. Já o disse várias vezes e, tal como neste momento, nada me incentiva a estar aqui. Eu gosto de viver, sim, e quero viver porque acredito que a vida ainda me reserva coisas boas e algumas surpresas, mas morrer também não me assusta. Assusta-me é a forma “como”, como já referi inúmeras vezes...

...Há sensações na vida que nunca se perdem, portanto, viver para mim é sobretudo reviver, mas isso é mau. Espero encontrar outras razões para me motivar, para crescer, para ser feliz. Mas onde é que vou encontrar esse estímulo? Tenho provavelmente que nascer outra vez para me encontrar de novo. Não quero desistir, já volto, pode ser?    

Carlos Alberto  

 

Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2014 (Torre da Marinha, 22:25h)
“Quero erguer-me”
Tento levantar-me, mas não sou capaz. Sinto-me sem forças levado pelo vento que sopra forte e me arrasta para um abismo. Sei que se lutar eu sou capaz, mas não tenho coragem. É como se a noite fosse escura e os meus caminhos de terra batida rodeados de um estranho arvoredo: tenho medo. Agora ouço a corrente de um rio que desliza forte em direcção a uma cascata e, como um tronco inerte que se aproxima do precipício, vou nessa corrente, como que aguilhoado e sem hipóteses de salvação. É uma espécie de sufoco, é estarmos onde não queremos, é irmos sem querer ir, é chorar porque perdemos a nossa bússola, é não sabermos sequer onde estamos. Há um vendaval imenso que arrasta tudo. Não encontramos um caminho de fuga, apenas uma espécie de labirinto que nos confunde, baralha e desorienta. E nem força temos para gritar, mas mesmo que se o fizéssemos também ninguém nos iria ouvir. Mas tentamos. Gritamos, gritamos, mas de facto não há ninguém perto para nos arrancar deste sufoco. Temos que encontrar a saída, sei que há uma saída, mas não encontro uma pista a que me agarre. É um pesadelo, uma tristeza de vida a que vivemos, como um caminhar sem destino com destino a um abismo onde vamos cair. Tudo parece uma questão de tempo e o tempo é pouco. Preciso de alguém que me socorra e ajude, mas não há ninguém disposto a fazê-lo Está tudo recolhido e acomodado no seu conforto e tenho que ser eu a desenvencilhar-me. Mas onde vou eu arranjar argumentos para sair deste “buraco”? Estou no meio de um temporal enorme e num caminho cheio de ratoeiras onde posso cair. Polvilhado de granadas defensivas que explodem à minha passagem, caminho agora estonteante em direcção a um castelo de areia construído mesmo à beira-mar. Mas virá, não tarda nada, uma vaga maior e levará tudo. E eu continuo perdido, triste e só em busca do que não encontro.

Carlos Alberto

 

Quinta-feira, 30 de Janeiro de 2014 (Torre da Marinha, 22:20h)
“O pior de todos”
Não vou escrever nada com sentido. Vou a correr para não ir a lado nenhum. O acordar não serviu esta manhã o pequeno-almoço. A razão estava escondida atrás do lodo e por isso o sol escondeu-se na sombra da nuvem Eu quis acreditar que era verdade e o circo abriu as portas ao palhaço. Ele sorriu para o leão, mas o vento era tão forte que a porta se fechou. Depois eu saí para a rua deserta e senti uma multidão a rezar para a sepultura aberta. Por volta da tarde o relógio apagou-se e o telefone tocou. Atendi e um pássaro cagou-me em cima da cabeça. Mas eu tinha um chapéu sobre os joelhos e limpei a caca com uma casca de banana. Depois do que senti sentei-me sobre o ramo de uma árvore e nesse momento projectei o passado enquanto aquele presente me atirava para o futuro. Mas não desisti porque previ que o tempo ia melhorar enquanto o avião se fez à aterragem de emergência. Não fora aquele gato e a escada tinha sido de madeira. Subi então ao terceiro andar e escorreguei pela janela até cair em cima da piscina cheia de cerveja. Estava gelada e aqueci-me no fogão de sala enquanto o Pai Natal me olhava incrédulo para o pavão que entrava no castelo. Eu fui testemunha e tentei, em vão, crescer para uma realidade aparente. Contudo, o espelho estava lá e pude parti-lo com o beijo de Judas. E assim se conseguiu juntar as peças do mar de pérolas que se espraiaram sobre a mesa num silêncio que magoava a idade. E foi assim o nada sem sentido  

Carlos Alberto

 

Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2014 (Torre da Marinha, 22:30h)
“Dia dos namorados”
Agarrei-me a ela e descasquei-a, palmo a palmo, com calma, sem pressas, com cuidado. O momento era desejado e muito apetecido. A fome também era muita e há muito tempo que não a comia. Mas não quis fazer daquele momento um momento só a dois. Gosto de misturas e juntei outros ingredientes, como uma pitada de sal. Mexi tudo muito bem e provei. Estava gostosa e bem encaminhada. A refeição haveria de ser óptima. Meti então tudo descascado dentro de água e deixei aquecer o ambiente. Não estava sozinha, tinha tudo o que era necessário e boa companhia para o efeito desejado. Não havia flores, nem vinho à mistura, mas apenas água para que tudo saísse bem e ao jeito. Os odores eram agradáveis e enleantemente apetitosos, enquanto o lume que começou brando, daí a pouco já fervilhava e fumegava, vindos da panela. Delicioso o cheiro e não tardaria nada estaria finalmente a comê-la. Juntei então o chouriço e, com uma colher, voltei a mexer e provei. Mais uma pitada de sal, pisquei os olhos e ela abriu-se toda deixando-me penetrá-la com a intensidade de um profundo esgar de prazer. Provei-a, saboreei-a, lambuzei-me por tudo o que é gosto e pude senti-la a desfazer-se na minha boca. E são estes saborosos momentos que enchem a nossa vida de deleite, sobretudo neste dia especial, onde podemos usufruir dos prazeres de uma boa refeição à mesa. Sentei-me então à sua frente e agora confortável e bem instalado, à mesa, peguei na colher e comia-a toda. A sopa de caldo verde estava deliciosa. Batatas passadas com alhos e cebolas, de comer e chorar por mais. Depois a hortaliça, tudo mexido e misturado: ficou deliciosa. E foi assim que comemorei o meu final do dia dos namorados.

Carlos Alberto

 

Domingo, 23 de Março de 2014 (Torre da Marinha, 22:20h)
“Pensamento positivo”
Vou pensar positivo e não pôr-me aqui a lamentar que a solidão é terrível e/ou coisas assim negativas, desse género. Vou antes valorizar o facto de ter saído de casa, mesmo que para caminhar a ritmo do passo, andando por aí mais de meia dúzia de quilómetros, usufruindo com satisfação da paz e da capacidade de ter a mobilidade para poder fazer essa caminhada. Sentindo o sol no rosto, a primavera e todo o ambiente envolvente que me rodeou, incluindo o rio pela margem, pude, a pulmões abertos e com alegria, inalar toda a energia que a Natureza me transmitiu. Pude ainda sentir a aragem de um clima a atirar-nos para um verão que aí vem e respirar profundamente os odores exalados pelas flores, pelas árvores e rebentos que de alguma forma me foram enchendo a alma. Debaixo do braço um livro; comigo todo o tempo do mundo. Ouvir as pessoas, os carros, as crianças, vê-las a brincar no jardim, ou as bicicletas que circulavam pela marginal, um privilégio. Estamos dentro de uma espécie de silêncio ruidoso, mas que nos enche os ouvidos de forma harmoniosa e nos desperta para a vida com vida dentro. Andamos, andamos, percorremos a linha que traçámos e saboreamos a disponibilidade. Somos livres de pensar, de sonhar, desta vez por opção para estarmos calados e apenas ouvir. Sim, há gente aos pares, famílias inteiras, amigos que se juntam, mas haverá amor em tudo e em todos? Reparo nas flores, nos malmequeres amarelos. Não apanho nenhum, mas apetece-me. Não tinha, no entanto, a quem o oferecer, embora pudesse coloca-lo na lapela. E ali estava eu falando com os botões do meu casaco, olhando o céu salpicado de nuvens brancas sem chuva, sentindo o cheiro das coisas, observando as figuras pintadas nos murais e apreciando a destreza artística de quem as desenhou assim e que assim se revela ao mundo. Ganhámos espaço, tempo, vida agora percorrida neste instante. Amámos tudo o que vimos e só nos faltou mesmo acariciar a Natureza que apenas contemplámos. Mas ao vibrarmos com ela concluímos que foram sentimentos positivos que nos invadiram e era isso, afinal, o que procurávamos.

Carlos Alberto

 

Sexta-feira, 4 de Abril de 2014 (Torre da Marinha, 05/04 00:40h)
“Não ao não”
Quero acertar o passo sem trocar as voltas ao meu destino. Quero escrever apenas aquilo que é positivo. As palavras negativas estarão abolidas deste resumo e apenas vou citá-las uma vez para ficar como o exemplo oposto àquilo que quero que fique aqui registado. Ou seja, estou proibido de escrever a palavra que revela o enigma deste resumo. E, por isso haverá palavras que ficarão por dizer, palavras que serão esquecidas, palavras que sobrarão para que nada reste. Assim, escrever NÃO é levar-me para um infinito sem retorno e se é isso que quero, então perder-me-ei sem ser capaz de ser eu mesmo. A partir de agora invento, só posso mesmo inventar para dizer aquilo que devia ser dito de outra forma. Esforço-me imenso e aquilo que consigo escrever é completamente diferente do que pretendo dizer. Aqui se entende porque é tão difícil escrever coisas. Como as palavras só podem ir num sentido fica por dizer o que quero dizer no outro. E a forma de o dizer é escrever que a forma é a contrária, a que se disse de trás para a frente, sem ser possível dizê-la de outra maneira. Confuso? Faz parte do processo de cura. E assim se constrói um resumo totalmente novo onde a palavra de três letras é abolida e se omite escrevendo que se a omite. E nesta difícil tarefa de falarmos apenas o que a censura permite nada se consegue harmonizar e percebemos o quanto complicada é a língua portuguesa. Aplaudo, no entanto, este meu desafio que vou aqui conseguir superar, mesmo que o que tenha dito revele apenas que nada foi dito e escrito que mereça ter sido lido. Mas já está.

Carlos Alberto

 

Quinta-feira, 15 de Maio de 2014 (Torre da Marinha, 23:00h)
“Vamos lá caminhar”
Ao desabafar com as pessoas vou tentando aliviar a minha tensão. Todos me dizem que devo abandonar a solidão e que devo sorrir. Mas ninguém me diz como é que isso se faz. Os amigos fabricam-se? E para sorrir não é preciso ter um motivo? Mas eu ainda tenho uma saída: vou para junto do rio e observo-o no final da tarde. Sinto ainda a brisa amena no rosto e olho adiante para os pequenos barcos amarrados ao cais. Absorvo o cheiro a rio que me chega através do vento e inalo com prazer aquele instante que me invade até ao âmago. É bom. E eu vou apenas andando, sem pretensões, apenas usufruindo a vida, o tempo. E naqueles momentos não sofro, deixei de me sentir só e vou acompanhado com o privilégio de estar ali. Mais à frente o areal, uma espécie de praia. Penetro nela. Abro os braços em busca das energias e exalo com prazer e por instantes a força que recebo e sinto-me abraçado numa despedida para o tempo de voltar. Retemperado e cheio até ao fundo do meu ser parto de novo em busca de um regresso com alma. Sim, também fui à procura de um amor, de uma Vitória que não encontrei, mas sabe Deus onde vou encontrar. Há uma luz no meu espírito que me diz que vou ter aquilo que mereço, mas sei também que tenho que fazer mais por mim. Vale a pena olhar o rio, caminhar com o pensamento da memória, sentir o pulsar do coração e saber que estamos vivos. Acreditar que nada é eterno e que tudo é efémero. Acreditar também na simples ideia de que aquilo que é meu, meu será. E, por fim, parto em busca de uma sentido para a minha vida sabendo que há um caminho para desbravar e percorrer, tendo noção de que esse caminho existe e está aí adiante.

Carlos Alberto

 

Quinta, 5 de Junho de 2014 (Torre da Marinha, 22:45h)
“Perdido na solidão”
À expressão que diz “quem não tem cão caça com gato” tenho que referir que comigo faz todo o sentido para o que vou escrever. Ou seja, vamos em busca de algo que não conseguimos, regressamos com o rabo entre as pernas ou metemos as pernas entre o rabo... Esquisita extrapolação. Mas são os tempos, as modernices, o estarmos sós, a busca infinita do que não temos e acabamos perdidos em laivos de harmonia mesmo que num distúrbio da nossa discórdia. Pois, palavras vãs que o vento leva na aragem da memória para o fundo de uma qualquer alma num quarto sem tempo e sem espaço. Abrimos então as cortinas e um sol trespassa-nos o ventre dorido de uma escuridão imensa. Como num discurso gestual sem palavras pronunciáveis, sentimos o nada. Resta-nos a sombra de uma esplanada e com um café na frente abordando sem sentido um passado tão longínquo quanto obsoleto; diálogo que já nada acrescenta, apesar de nos perecer que tudo se passou ontem. Sobram as sombras, apenas sombras, num diálogo que se abre até ao infinito, sim, mas inconsequente. Nada acontece e ficamo-nos mesmo só pelo que parece. E a vida continua. Virado para o outro lado, não consigo chegar a um Céu que me ignora e não corrobore com a paixão que me vai contida na alma. Pouco seguro, não há respostas e, sem argumentos, enfrento meus próprios dilemas sem partir para outros voos e talentos. É esta, afinal, minha sina: ir atrás do que me abomina e querer sentir o que me desatina. Fico-me então por este o tempo que me resta, sem resposta, apenas honesta, por um amigo mesmo que à distância, funesta. E destes silêncios tenho que me conformar, numa ténue esperança que outro mar me possa invadir as margens; e um dia possa então seguir para outras paragens e encontrar finalmente o meu destino, com tino, num lugar seguro por detrás de um qualquer muro.

Carlos Alberto

 

Quarta, 25 de Junho de 2014 (Torre da Marinha, 23:05h)
“A rotina de que se gosta”
Acordo, como é bom acordar. Espreguiço-me e indolentemente arrasto-me para fora da cama. Coloco os pés no chão e caminho ainda meio ensonado para a casa de banho. Consigo caminhar, mesmo que de olhos semi cerrados pelo acordar titubeante e silencioso. Não há palavras, não há choros, não há gritos, não há lamentos ou confusão. Apenas eu e o silêncio. A manhã acorda aos poucos. Os cereais esperam-me, mas sou eu que tenho que prepará-los. Tenho que comer no armário das provisões. Tenho o privilégio de ter que comer. O banho acaba por me trazer à vida. Um cheirinho a lavado inebria-me. Mudo igualmente os lençóis da cama e sei que quando voltar a ela e deitar-me será em lençóis lavados de fresco e a cheirar bem. Será o meu cheiro, sim, o meu único cheiro. Estou pronto. Olho para a frente e caminho rumo ao meu quotidiano Pode ser vazio, mas é meu e posso fazer dele o que quiser. Tal como o de um ilustre preso deste país que saiu da cadeia e disse que não havia nada mais maravilhoso do que aquele momento: o de poder ir beber um café e sentar-se numa uma esplanada em liberdade. E que agora livre ia correr todas as esplanadas para poder absorver esse privilégio que agora tinha. Pois é, só mesmo quando a nossa vida muda percebemos o quanto boa era a que tínhamos. Assim, um simples café, um jornal e as notícias que enchem a vida de muita gente tornam a nossa vida maravilhosa. De regresso a casa, à mesa como algo que confeccionei. Depois ainda me sobra tempo para um zapping pela TV e pelos programas desportivos que degusto. E divirto-me com as lutas que se travam para se ser a melhor equipa do mundo. Todos procuram troféus, prestígio, poder. Eu também. Adormeço nesse sonho. Adormeço sem ter ganho ou perdido nada, a não ser mais um dia de vida em feliz liberdade.

Carlos Alberto
 
PS: Voltei a fazer, como habitualmente, ligeiras alterações pontuais nalguns textos. Por outro lado dizer que estes resumos são transcrições de páginas manuscritas dos meus Diários e que estão lá para trás no tempo e que valem o que valem. Como tudo passa na vida resta concluir que: “Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe”.
 
 

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