ENVERGONHADO


Infelizmente a nossa vida não é só riso, felicidade e coisas boas. Há momentos difíceis que somos obrigados a viver e, por uma razão ou por outra, todos nós passamos por coisas boas e coisas más durante ela. Evidentemente que haverá escalas ou graus de dificuldades: aquilo que é difícil ou grave para mim, outra pessoa terá um conceito diferente e ultrapassará isso sem dramas. Mas uma coisa é certa “o bem” não é igual para todos e a riqueza está mal distribuída. A nossa mentalidade, talvez por razões históricas, é a do “desenrascanço” e somos uma sociedade onde o “chico esperto” sobressai e se safa sempre. Mas quanto a mim só temos três caminhos a seguir:

- ou já nascemos num berço de oiro e estamos safos porque é só gerir o legado que nos deixaram;

- ou temos que ser fortes e determinados e ir para a luta, fazer pela vida, lutar por um lugar ao sol, estudando, aprendendo, crescendo e evoluindo garantindo assim a nossa estabilidade para que amanhã não precisemos dos nossos filhos para nos sustentarem;

- ou então, a via mais fácil, que é tentarmos ser mais espertos que os outros, enganando aqui e ali, contornando a lei  quando é preciso, vigarizando a sociedade, ser político, ou ladrão, porque aquilo que vemos é que vivemos numa sociedade onde o crime compensa (se formos ricos).
Dito isto, aquilo que me impulsionou a escrever este manifesto foi a vergonha pelo que aconteceu no 1º de Maio em Portugal. E não estou a falar da efeméride que deveria ter sido o tema deste dia tão importante internacionalmente, mas de algo grave que aconteceu e merece uma reflexão.
Será que os nossos políticos não enxergam o que esta manifestação exacerbada de corrida ao Pingo Doce expressa?

Para mim só tem uma leitura: a miséria e o desespero em que as pessoas vivem. Faz-me lembrar um jogador numa máquina do casino, sempre à espera que a sorte lhe bata à porta e que gasta o que tem e o que não tem para tentar obter aquilo que nunca terá. Quantas pessoas não terão ficado sem dinheiro para o resto do mês só para aproveitar aquela campanha de desconto? Aquela corrida desenfreada ao Supermercado revela tão só o grau de dificuldade em que as pessoas vivem e traduz a paupérrima realidade do que somos neste momento e é, dramaticamente, o espelho do nosso país.
Eu próprio, olho para mim e, em quase cinquenta anos de trabalho ininterrupto, faço hoje parte das estatísticas dos 15,3 % daqueles que não têm trabalho neste país. Ao longa da minha carreira, quando deixei um emprego no dia seguinte já estava noutro. Agora não. Será isto normal? É neste clima que querem recuperar Portugal?

Tenho muitos receios quanto ao futuro dos meus filhos, embora ainda acredite que um dia aparecerá alguém, um Messias”, que terá uma ideia luminosa e que erguerá este país. Uma espécie de Mourinho da política que no campo terá um Cristiano Ronaldo para resolver. Acho que temos muitos jovens muito bons e promissores, somos um país que já se ergueu das cinzas e que já descobriu mundos, portanto há que ter fé, não para mim que já não espero nada nos anos que me faltarão.
O que espero e desejo é que esses jovens de hoje não sigam os exemplos dos actuais órgãos máximos da nação que, também eles começando do nada, não nos mostram hoje, com os seus exercício de poder, nada de bom e encorajador para o nosso país.  

Carlos Alberto 3-Maio-2012

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